Cauby Peixoto, cantor símbolo do rádio, ganha homenagem no mês em que faria 90 anos

A Fundação Nacional de Artes – Funarte presta homenagem a Cauby Peixoto, referência da música popular brasileira e considerado o cantor símbolo do rádio. Neste mês, ele completaria 90 anos de idade. O artista nasceu no dia 10 de fevereiro de 1931 e nos deixou em 2016, aos 85 anos, vítima de uma pneumonia. Canções como Conceição (1956), Nono mandamento (1958) e Bastidores (1980) foram eternizadas na voz do cantor durante os seus 65 anos de carreira.

 

Cauby Peixoto nasceu em Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, e faleceu no dia 15 de maio de 2016, em São Paulo (SP). O cantor nasceu numa família de músicos: pai violonista, tio pianista e primo cantor. Os irmãos também deram continuidade à trajetória da família. Araken (1930-2009) era trompetista, Moacyr (1920-2003) pianista, e Andyara é cantora. Na infância, Cauby participava do coro da igreja na companhia dos irmãos.

 

O cantor iniciou sua carreira em 1949, como calouro do programa Hora do Comerciário, da Rádio Tupi. Em 1951, ainda no Rio de Janeiro, gravou seu primeiro disco, com o samba Saia Branca e a marchinha Ai que Carestia. Em 1952, mudou-se para São Paulo, onde passou a trabalhar como crooner (cantor que interpreta todos ou vários gêneros musicais) em boates. Cauby e os irmãos formaram o Quarteto G9, para apresentação na antiga emissora PRG-9, no programa de Hebe Camargo (1929-2012), e na Rádio Nacional, em São Paulo.

 

Em 1954, o artista gravou a versão em português do fox Blue Gardenia, de Lester Lee (1904-1956) e Bob Russell (1914-1970), sucesso na voz de Nat King Cole (1919-1965). Logo depois, retornou ao Rio de Janeiro e assinou contrato com a Rádio Nacional e a Rádio Mayrink Veiga. Numa viagem aos Estados Unidos, o cantor gravou sob o pseudônimo de Ron Coby e, assim, se aproximou dos músicos Stan Kenton (1911-1979), Bing Crosby (1903-1977), Nat King Cole e Frank Sinatra (1915-1998).

 

Cauby retornou ao Brasil em 1956 e, além do trabalho na Rádio Nacional, gravou discos pela Columbia com repertório de toadas, xotes, boleros e sambas-canção, dentre eles Conceição, de Jair Amorim (1915-1993) e Dunga (1907-1991), que se torna uma marca na carreira do cantor. Foi um dos primeiros cantores a gravar o gênero musical rock’n’roll em português, lançando Rock’n’roll em Copacabana (1957), obra de Miguel Gustavo (1922-1972).

 

Com a chegada da bossa nova, entre os anos de 1960 e 1970, Cauby Peixoto viveu um período de “ostracismo” sendo associado à música brega. Mesmo com as adversidades, gravou um repertório do novo estilo musical, como as canções: Samba do Avião, de Tom Jobim (1927-1994); Berimbau, de Baden Powell (1937-2000) e Vinicius de Moraes (1913-1980); Só Quis Você, de Roberto Menescal (1937) e Ronaldo Bôscoli (1928-1994); e Garota de Ipanema, de Vinicius e Tom.

 

Em 1979, Cauby despontou ao estrelato, novamente, ao receber um convite de Elis Regina (1945-1982) para gravarem juntos Bolero de Satã (Guinga e Paulo César Pinheiro, 1976), para o seu disco ElisEssa Mulher (1979). Nos anos de 1980, lançou CaubyCauby!, com faixa-título de Caetano Veloso (1942), composta para o próprio Cauby; Bastidores, de Chico Buarque (1944); Dona Culpa, de Jorge Benjor (1942); e Loucura, de Joanna e Sarah Benchimo (1950). Em 1982, lançou com Ângela Maria (1929) o LP Ângela e Cauby. No ano 2000, foi a vez do CD Meu Coração É um Pandeiro, que reúne canções de Paulinho da Viola, de D. Ivone Lara, entre outras.

 

No ano de 2006, o artista recebeu uma homenagem memorável e que o emocionou muito: o musical Cauby. O espetáculo, sucesso de crítica e de público, foi escrito por Flávio Marinho e apresentava cenários de Daniela Thomas. O cantor foi interpretado pelo ator Diogo Vilela.

 

Sucessos como Deusa da Minha Rua e Serenata (Sílvio Caldas); Conceição (Jair Amorim e Valdemar de Abreu, 1956); Nono mandamento (René Bittencourt e Raul Sampaio, 1958), e Bastidores (Chico Buarque, 1980) estão entre as interpretações mais marcantes de sua trajetória musical.

 

Cauby Peixoto tinha um estilo próprio e que o diferenciava dos demais artistas. Tanto na voz, quanto no figurino. O cantor possuía um timbre de voz de barítono de tom aveludado, com fluência tanto nos graves quanto nos agudos, com uma rara afinação que se adaptava a diversos gêneros musicais. Cauby fazia uso de perucas e vestia figurinos luminosos, o que deixava os fãs ainda mais apaixonados pelo seu estilo peculiar.

 

A Fundação Nacional de Artes – Funarte presta homenagem ao talento e à representatividade do eterno cantor símbolo do rádio, Cauby Peixoto, que teria completado 90 anos no último dia 10, se estivesse vivo.

 

Fonte: Funarte