Docente da Uems participa de e-book com mulheres de outros países sobre isolamento

A docente Célia Maria Foster Silvestre, da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Uems), participa do livro “Expandir o presente, criar o futuro”, pensado por dezesseis mulheres de diferentes espaços territoriais, nacionalidades, com culturas e formação profissional diversas. Poucas se conhecem pessoalmente. A ideia foi expressar que o isolamento social – tão necessário – podia unir em um sentido: ser mulher, defender e respeitar toda vida no planeta.

 

Para tanto, cada autora escolheu entre março e maio de 2020, um dia, ou os dias, que refletiam seu cotidiano no isolamento. Surpresas, frustração, insegurança, descobertas, carinho e buscas. O encadeamento entre essas expressões ficou a cabo das editoras Mirlene Simões e Fabíola Notari, e da artista visual Priscila Bellotti.

 

Na obra, entre outras vozes, uma poetisa cubana, doutoras em Ciências Sociais, Planejamento Energético, Literatura Russa ou Ciência da Informação, uma escritora finalista do Jabuti, uma psicanalista, artistas visuais que nos revelam sentimentos da Serra, da cidade grande ou do Alentejo.

 

“Trata-se de um livro de artista, que reúne textos, desenhos, fotografias, filmagens, costuras, remendos, fissuras e bordados. A vida é a linha, que fura e amarra as camadas da existência. Tensão do tempo, reflexão do espaço. Persistência do presente”, ressaltam as editoras.

 

O trabalho foi escrito, desenhado, filmado, fotografado e editado durante os dois primeiros meses de isolamento social – abril/maio 2020. A inspiração para o título do livro veio do professor Boaventura de Souza Santos.

 

 

Como nomear a vida?

 

“No Brasil, o vírus repercute a ausência de humanidade presente na boca que escancara a necropolítica e ri das mortes anunciadas. Os portugueses dizem que vai ficar tudo bem. As dores atravessam as paredes e ressoam”, constata Célia Maria Foster Silvestre, pós-doutora em Estudos sobre Democracia.

 

Com o ouvido atento, Ana Paula Meneses Alves, doutora em Ciências Sociais pela Universidade de Granada, na Espanha, reverbera a angústia destes dias: “Entro no banho e escuto a água batendo no meu cabelo. Gritos. Gritos. Gritos da vizinha que sempre grita. Sempre me incomodou os gritos dela com a filha. As palavras que, para mim, eram piores do que qualquer surra. Mas hoje é diferente”. “A água continua a rolar pelos meus cabelos. Escuto mais gritos. Gritos de mulher, gritos de homem, coisas quebrando, coisas rolando”, relata.

 

Orgulhosa com a bela prática adotada pelos cubanos de aplaudir regiamente, todas às nove da manhã, os trabalhadores da saúde, a professora Yeisa Herrera vibra com a paixão da Ilha pela vida, e seu “reconhecimento à coragem, à consagração e à esperança”.

 

Este livro é uma homenagem à vida e à fé. É a história da resistência e da solidariedade. É a consagração da vitória da sobrevivência em tempos apocalípticos de pandemia, de genocídio e barbárie. É a demonstração de  que a vida deve ser preservada, pois fazemos parte do mesmo ecossistema: todos somos um!

 

O e-book será comercializado a preço popular e serão impressos exemplares que serão distribuídos, posteriormente ao lançamento da edição virtual. A proposta acabou se transformando em um grupo de estudos e inspiração, que pode ser acompanhado em https://www.instagram.com/expandiropresente/ e https://www.facebook.com/expandiropresentecriarofuturo

 

O sarau virtual e bate-papo de lançamento acontecerão no próximo dia 27 de junho, sábado, a partir das 15 horas, pelo aplicativo Zoom, https://zoom.us/j/96613874717, ID da reunião: 966 1387 4717