Animação transmite conhecimento sobre cerâmica arqueológica indígena para crianças

Em comemoração ao Dia do Índio, 19 de abril, será lançada, na próxima semana, a animação Raízes da nossa gente. O projeto – contemplado pelo Fundo Municipal de Investimentos Culturais – é uma iniciativa dos professores Emília Mariko Kashimoto e Gilson Rodolfo Martins, e da cineasta Ara Martins, em parceria com o Museu de Arqueologia (Muarq) da Universidade ederal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

 

De acordo com Ara, o curta-metragem – que dispõe de recursos de acessibilidade com o intuito de garantir a inclusão social – busca levar conhecimento de forma lúdica e didática sobre o modo de vida dos primeiros habitantes de Mato Grosso do Sul, em especial, os povos indígenas ceramistas. “A narrativa da animação se desenrola a partir de uma simples curiosidade infantil, sobre um aparente objeto sem muita relevância, durante a visita de alguns alunos ao Muarq. Lá, eles acabam descobrindo coisas incríveis sobre os povos que habitavam o território estadual, muito antes do descobrimento do Brasil”, diz a cineasta.

 

Ara, que também é responsável pelo roteiro e direção de criação, explica que o grande diferencial da animação é que toda a reconstituição iconográfica das características materiais e imateriais dos objetos de cena,  dos atributos físicos dos personagens e dos ambientes naturais – pelos quais os protagonistas transitam durante o filme – foi baseada em dados científicos coletados ao longo de um intenso trabalho de pesquisa arqueológica desenvolvida pelos professores Emília e Gilson. Ambos integraram o corpo de docentes da UFMS, na Faculdade de Ciências Humanas e no Campus de Aquidauana, respectivamente, e continuam colaborando com as ações da instituição, em especial, do Museu.

 

“A sociedade muda diariamente, e assim os indivíduos adquirem novas perspectivas de vida e com elas seu conhecimento cultural com o desenvolvimento de uma cidadania responsável. Assim acontece também com os museus que precisam estar sempre se renovando, se redescobrindo para que não permaneçam com hábitos arraigados na antiga tradição de ‘guardiões do passado’ dando a impressão de serem espaços onde só coisas velhas têm lugar. Hoje percebe-se que um museu renovado, pleno de atividades culturais e educativas exerce grande atração sobre os mais variados públicos, enfatiza a ideia de que todos podem e devem se apropriar daquele local de encantamento, cultura e lazer. O MuArq, como vem fazendo nestes últimos 12 anos, vem acompanhando esta tendência e acrescentará em seu programa de Educação Patrimonial o curta animado Raízes da nossa gente que traz como abordagem principal as perguntas feitas pelos visitantes sobre o material em exposição”, comenta a responsável técnica pelo Muarq Lia Brambilla. “Para mim e meus colegas, a antropóloga Laura Pael, responsável pela Educação Patrimonial e Ambiental e o professor Carlos Campos, pelo setor de Pesquisa e Extensão, está sendo uma honra receber este material feito com todo carinho”, ressalta. Lia enfatiza que o curta estará disponível depois do dia 19 de abril – data em que se comemora o Dia do Índio – no canal do MuArq no Youtube e no site do MuArq.

 

“Com grande satisfação, apresentamos esse filme de animação para contribuir na ampliação da socialização do conhecimento científico relativo à Arqueologia da área estadual de Mato Grosso do Sul. Constitui-se num novo instrumento para as ações educativas do MuArq, no intuito de divulgar os resultados das pesquisas arqueológicas desenvolvidas no âmbito desse museu nos últimos 30 anos. Agradecemos também ao FMIC/2019, pelo apoio proporcionado para a realização desse filme”, destaca a professora Emília.

 

Para o professor Gilson, a animação é uma peça de divulgação científica bastante original. “Claro que existem outros bons trabalhos anteriores tais como vídeos ou desenhos animados que abordam a temática indígena no estado. Todavia, o Raízes de nossa gente possui um aspecto inovador, poia recorre às fontes arqueológicas integrantes do acervo do MuArq para fundamentar documentalmente a narrativa. Ao seguir essa orientação, o documentário constrói uma via de acesso leve e didática entre o conhecimento arqueológico e o senso comum sobre as origens de nossa população sul-mato-grossense. Essa obra também preenche uma profunda lacuna cultural no que diz respeito ao autoconhecimento identitário da população estadual. Chama a atenção também a forma lúdica como é tratada essa problemática, aproximando assim o público infanto-juvenil do olhar científico sobre as nossas plataformas demográficas e culturais”, comenta o professor.

 

“Justamente por esse compromisso em reconstituir a realidade de forma fidedigna por meio de fontes históricas materiais, essa animação pode ser classificada como um documentário animado. E ao transitar entre essa linha tênue que separa o real do imaginado, esse curta-metragem projeta o espectador para uma divertida e didática viagem pela pré-história de Mato Grosso do Sul, revelando-lhe muitas informações interessantes sobre os primeiros habitantes do nosso território estadual e a forma como eles viviam”, finaliza Ara.