Finalizadas as filmagens de Circa que retrata em audiovisual os dilemas da mulher artista

No circo a mulher pode ser serrada ao meio, barbada, anã, monga, siamesa, o fruto proibido de desejo do palhaço que como diz no velho jargão “é ladrão de mulher”. E, quando vista pelo prisma da beleza, ela é cercada de maquiagem ou roupas que sempre marcam o corpo. Mas, seriam esses os únicos papéis possíveis a ela? É nessa perspectiva que “Circa”, está sendo montada. Uma obra que transita entre teatro, circo e cinema para levar à cena o real significado do protagonismo feminino dentro e fora da arte.

As filmagens foram finalizadas no dia 10 de agosto. Agora, o projeto segue para a fase de edição com previsão de estreia para a segunda quinzena de outubro deste ano.

                                             Aline Calixto em cena

 

Em “Circa – As Mulheres no Universo Artístico”, a atriz Aline Calixto protagoniza a vida de várias artistas circenses que para viver o sonho de ser uma estrela, precisam se desdobrar em muitas tarefas. Tanto para se afirmar profissionalmente como para dar conta de desempenhar outros inúmeros papéis sociais que a sociedade, patriarcal, cobra de toda e qualquer mulher.

 

“Circa transita entre dois ambientes: o camarim e o picadeiro. Nesse sentido, é metafórico, porque nos bastidores há toda a reflexão do feminino dentro do universo circense e traz à ribalta esse tipo de debate de como é a vida da mulher no plano pessoal e profissional. A gente fala das questões que assolam à mulher que vive no meio artístico e que, por diversas vezes, é cercada por um meio extremamente masculino e até mesmo machista”, argumenta a atriz.

Com texto e direção de Breno Moroni, a obra precisou de modificações devido à pandemia. “Circa foi pensada em um contexto antes da Covid. Por isso, tivemos de adaptar o roteiro para o audiovisual, no formato de cineteatro. Os primeiros ensaios, no modo online, foram bem difíceis porque a internet não foi o suficiente. Repensamos nos ensaios presenciais e adotamos protocolos de biossegurança. E, tudo implica desafios, porque teatro é prática, precisa ser feito em conjunto e no atual momento a gente precisa de cuidado. Inclusive, nos sete dias de filmagens que tivemos”, explica o diretor.

Com duração de 50 minutos e seis exibições, a previsão é que Circa seja lançada em outubro. A transmissão será feita via internet, com pré-estreia na sede do Circo do Mato, em Campo Grande, para um grupo convidado. Em seguida, o vídeo será disponibilizado ao público em geral, com a promoção de um debate logo após a exibição do espetáculo.

Contemplado com recursos do Fundo Municipal de Incentivo à Cultura (FMIC/2019), da Sectur – Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Campo Grande, o audiovisual promete grandes surpresas.

 

“O que posso adiantar ao público é que estamos usando técnicas circenses não comuns no espetáculo. Nada que já se viu em Campo Grande ou em outros municípios do Estado, e quem sabe mesmo no Brasil. Traremos muitos números circenses raros, pouco comum de se fazer, apresentar. Além de todos os temas que serão postos em reflexão”, afirma Breno.

 

Outro ponto interessante na dramaturgia do trabalho é a questão da maternidade recém-iniciada na vida da atriz, Aline Calixto, com a chegada da pequena Alícia. Ponto que a aproxima de muitas das histórias que serão retratadas dentro da “Circa”.

“Estou, agora, nesta empreitada da maternidade, da maternagem, e preciso de uma rede de apoio para que eu possa ensaiar. Preciso pensar nesta condição da minha maternidade, aliar à proposta da Circa. São coisas assim que estão caminhando juntas e que me auxiliam em cena também, porque me ajudam a desconstruir para construir a personagem que, na verdade, está mais para uma persona, pois transita entre várias artistas do circo”, finaliza.

Essas e outras informações sobre o andamento do projeto é possível acompanhar pela página do Instagram e Facebook (@circacineteatro).

Diretor 

 

Nascido em Petrópolis (RJ), Breno Moroni formou-se em teatro em 1974 e já atuou em diversos papéis nos palcos, no cinema e na televisão. Atualmente, ele mora em Campo Grande, onde desembarcou para liderar alguns projetos artísticos, mas, como todo artista, viu os seus trabalhos serem afetados pela pandemia.

O ator, que também é diretor, dramaturgo, mímico, artista circense, professor de interpretação, dublê, locutor e radialista, tem uma carreira extensa, tendo feito mais de 80 filmes e 100 peças de teatro em mais de 20 países. Dos seus inúmeros trabalhos televisivos um dos que o consagrou na teledramaturgia foi a personagem Adonay, o Mascarado de “A Viagem” (1994).