Mostra de Cinema Japonês no Museu da Imagem e do Som homenageia o cineasta Nasaki Kobayashi

ZeroUmInforma/Arte e Cultura – O Museu da Imagem e do Som, unidade da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), realiza de 20 a 23 de junho de 2017 a Mostra de Cinema Japonês. A Mostra é realizada todos os anos, e pela segunda vez, a curadoria é do engenheiro e cinéfilo Celso Higa.

Em sua sétima edição, a Mostra apresentará quatro filmes, dois clássicos e dois contemporâneos, sempre às 19 horas, no Museu da Imagem e do Som de MS, com entrada franca. Os filmes a serem exibidos são “A Partida” (2008), de Yojiro Takita; “Rebelião” (1967), de Masaki Kobayashi; “Nossa irmã mais nova” (1915), de Hirokazu Kore-eda, e “Kwaidan – As quatro faces do medo” (1964), de Masaki Kobayashi.

“A Mostra deste ano faz uma homenagem ao diretor Masaki Kobayashi, um diretor pouco conhecido por ter pouca produção e uma obra tardia, mas são filmes relevantes pelo roteiro. Harakiri é seu filme mais famoso. Decidimos trazer esse diretor para resgatar quem ele foi e para as pessoas conhecerem um pouco da obra dele. Tem uma trama bem feita, tem uma quebra, não é uma coisa comum. O filme A Rebelião é considerado por alguns críticos brasileiros como o melhor filme japonês de todos os tempos pela trama, roteiro a forma de direção, trilha sonora e parte cênica”, diz Celso.

O curador da Mostra explica que o cinema japonês começou a fazer sucesso na década de 1950 graças ao filme Rashomon, de 1951, do Kurosawa. Depois, outros cineastas japoneses começaram a ganhar espaço no ocidente. Sobre sua paixão pelo cinema japonês e pelo cinema em geral, ele diz que surgiu ainda na infância. “Eu tinha um tio que tinha um bazar perto do Colégio Dom Bosco. Ele vendia revistas japonesas. Eu ia muito nessa loja para folhear as revistas, ver os mangás, fotos de filmes. Eu não sabia ler os cândis, mas via as figuras. Tinha gibis, revistas sobre cinema. Fui juntando essas experiências que fazem você gostar de filmes. E com o advento da internet, ficou mais fácil buscar informações. Os meus preferidos são os filmes antigos de faroeste porque trazem a nostalgia, que traz o passado que perdemos”.

Segundo Higa, o interesse pelo cinema japonês veio com a curiosidade pelo cinema exótico, “principalmente em filmes de época, de samurais, que música tocava na época, quais os instrumentos. Toru Takemitsu, as músicas dele no filme Kwaidan, tem um instrumento de quatro cordas chamado Biwa, de época, que servia de base para o teatro japonês, ele coloca muito nesse filme, tem uma batida forte”.

Devido a uma política de relações diplomáticas entre Brasil e Japão, em 1929 surgiu na cidade de Bauru a Companhia Brasileira de Cinema – Nipako, que distribuía filmes japoneses para serem exibidos no Brasil. “Os imigrantes sentiam saudades de sua terra e queriam ver os filmes, que seguiam pelas estradas de ferro e eram exibidos nas comunidades rurais. Os geradores eram projetores porque não havia energia elétrica e os filmes eram exibidos em caminhões. Havia os narradores de filmes, os benshi, que no Japão ganhavam mais que os atores. Alguns deles vieram para o Brasil e acompanharam os pioneiros da cinematografia japonesa no Brasil”.

“De 1953 a 1970”, explica Celso, “o bairro da Liberdade em São Paulo chegou a ter quatro cinemas só para a comunidade japonesa. Depois da Segunda Guerra voltam as relações diplomáticas com o Japão, aí foram retomadas as importações de filmes. Em Campo Grande, tinha uma mercearia da família Saliba, a Mercearia Califórnia, que ficava na Dom Aquino com a 14 [de julho], que sempre ficava aberta nos dias de projeções no Cine Santa Helena. Todas as sextas-feiras a mercearia ficava aberta até as 11 da noite para atender aos japoneses vendendo suas mações argentinas, com aquele papel roxo, as latas de goiabada e marmelada. Tudo isso nos remete a um sentimento nostálgico”.

Confira a programação e sinopses dos filmes:

Terça-Feira, 20/06/2017

A PARTIDA (Okuribito) – 2008

Premiação: Oscar de melhor filme estrangeiro em 2009

Sinopse: Jovem violoncelista desempregado começa a trabalhar como “nokanshi”, uma espécie de agente funerário, responsável por preparar o corpo, coloca-lo no caixão e enviar a pessoa que morreu para o outro mundo, agindo como um guardião entre a vida e a morte. Seu trabalho é desprezado, tanto pela esposa quanto pelas pessoas preconceituosas a sua volta, mas através da morte é que ele começa a descobrir o verdadeiro sentido da vida.

Produção: Shochiku

Direção: Yojiro Takita

Estrelando: Masahiro Motoki, Ryoko Hirosue, Tsutomu Yamazaki, Kimiko Yo

Duração: 2h10

 

Quarta-Feira, 21/06/2017

REBELIÃO (Jôi-uchi: Hairyo tsuma shimatsu) – 1967

Premiação: Premio da Critica Internacional no Festival de Veneza

Sinopse: Em 1725, samurai exemplar se revolta quando sua nora Ichi é capturada e aprisionada pelo senhor feudal do seu clã. Épico que valoriza o amor e os sonhos de um casal, a liberdade de expressão, a luta incessante contra a injustiça ainda que leve a um fim trágico. Filme clássico com flashbacks e roteiro cheio de surpresas ao estilo Shinobu Hashimoto

Produção: Toho

Direção: Masaki Kobayashi

Estrelando: Toshiro Mifune, Tatsuya Nakadai, Yoko Tsukasa, Takeshi Kato

 

Quinta-Feira, 22/06/2017

NOSSA IRMÃ MAIS NOVA (Umimachi Diary) – 2015

Premiação: Filme selecionado para o Festival de Cannes em 2016

Sinopse: Drama familiar em que três irmãs – Sachi, Yoshino e Chika – vivem em Kamakura numa linda casa que pertence à família há anos. Quando o pai delas, ausente nos últimos 15 anos, falece, elas decidem ir ao funeral. Lá conhecem a sua irmã  Suzu, uma tímida adolescente pela qual se apegam muito rápido. Suzu é convidada para morar em Kamakura e a partir daí uma nova vida começa para as quatro irmãs.

Produção: Artist Film Inc.

Direção: Hirokazu Kore-eda

Estrelando: Haruka Ayase, Masami Nagasawa, Suzu Hirose, Kaho, Ryo Kase

 

Sexta-Feira, 23/06/2017

KWAIDAN – AS QUATRO FACES DO MEDO (Kwaidan) – 1964

Premiação: Prêmio Especial do Júri no Festival de Cannes em 1965

Sinopse: Adaptação de quatro lendas tradicionais do terror japonês: “Cabelos negros”, “A mulher da neve”, “Hoichi, o sem orelhas” e “Uma xícara de chá”, que faz deste filme peculiar de contos um belíssimo senso estético. O impressionante uso da cor, cenários elaborados, sons assustadores e personagens de natureza mística transformaram-no num clássico do cinema fantástico. Com trilha sonora de Toru Takemitsu, bela fotografia e direção de arte, em muitos momentos as imagens lembram “Sonhos”, de Akira Kurosawa.

Produção: Toho

Direção: Masaki Kobayashi

Estrelando: Rentaro Mikuni, Michiyo Aratama, Tatsuya Nakadai, Keiko Kishi, Katsuo Nakamura, Tetsuro Tamba, Kanemon Nakamura, Hisashi Sagara.

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