Com foco na terceira idade, Oficinas Culturais da UFGD proporcionam atividades na pandemia

Resguardar-se em casa, saindo apenas para atividades essenciais, é uma das principais medidas de biossegurança para barrar o contágio pelo novo coronavírus. No entanto, para alguns grupos, estar em casa não significa proteção e boa saúde em todos os aspectos. Idosos, por exemplo, precisam de atenção redobrada, pois o distanciamento social pode afetar tanto sua condição física quanto mental, gerando solidão, ansiedade, estresse e depressão.

 

Além disso, doenças preexistentes como hipertensão e diabetes podem ter complicações pela falta de movimentação constante e a ausência de incentivo a exercícios físicos. Desta forma, um dos focos das Oficinas Culturais Web 2021 da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) é propiciar ao público da terceira idade atividades que trabalhem o corpo e a mente sem a necessidade de sair de casa.

 

Iniciadas no mês de março, duas das dez oficinas abertas neste semestre têm como principal público-alvo pessoas com mais de 60 anos. O curso “Hortas domésticas como forma de melhoria da saúde mental de idosos durante a pandemia” é uma dessas iniciativas.

 

Por meio de videoaulas de curta duração, a oficina aborda técnicas para a produção de hortas caseiras e maneiras de reutilizar resíduos domiciliares como cascas de alimentos e materiais recicláveis. Ministrada pela acadêmica Elza Jeieli Braga de Souza, que está no terceiro semestre da graduação em Gestão Ambiental, a oficina é aberta a quem tiver interesse, bastando realizar a inscrição em seu canal na plataforma YouTube: Oficina da Reciclagem – https://www.youtube.com/channel/UCIALG_tFKKE9d1RATfIb2SA.

 

Com pelo menos um novo vídeo a cada semana, o canal já tem 43 inscritos e alguns espectadores fiéis. Os que se interessam em aprofundar os conhecimentos mantêm contato direto com a estudante, que se diz feliz com o retorno recebido. “Deixo sempre meu contato para que, se surgirem dúvidas, eles possam tirar diretamente comigo. Tem gente no Pará assistindo meus vídeos, estou bem feliz”, comemora.

 

Elza, que já é técnica em Meio Ambiente pelo Instituto Federal do Pará (IFPA), diz que a ideia de repassar o conhecimento que tem sobre hortas e reciclagem surgiu de sua própria rotina, já que a separação do lixo é prática comum em sua casa. “Comecei a pesquisar o que fazer com resíduos como óleo, garrafas de vidro e outros materiais e, por conta da pandemia, resolvi também fazer uma horta em casa, já que eu estava sem poder sair de casa e com muito tempo livre”, conta.

 

“Foi uma forma de ocupar a cabeça e tem sido uma experiência maravilhosa e gratificante, pois pessoas de fora, familiares e amigos vêm me parabenizar pela iniciativa, que, pra mim é algo muito simples e que posso dividir com os outros”, finaliza a acadêmica.

 

MOVIMENTAR-SE É PRECISO

 

Como desdobramento do projeto de extensão Travessias, do curso de Educação Física, a oficina Danças Brasileiras também tem foco na terceira idade, especificamente nos residentes do Lar do Idoso de Dourados, instituição de longa permanência para idosos em vulnerabilidade e risco social.

 

Por meio de aulas gravadas em vídeo, a estudante do oitavo semestre de Psicologia, Simone Bitencourt Munhoz, é quem organiza as coreografias, baseadas em movimentos simples, porém importantes, para que, principalmente os idosos com limitações físicas, consigam realizá-las.

 

Como o Lar do Idoso não vem permitindo a entrada de pessoas externas ao local, por ser o grupo de residentes de extremo risco, Simone conta com a parceria do psicólogo Paulo Ramsés da Costa, que atua na instituição. Toda semana, um ou mais vídeos são enviados ao profissional, que os exibe aos idosos durante os momentos coletivos de lazer. Para os que não querem dançar ou seguir os movimentos, a acadêmica disponibiliza desenhos com formas e figuras relacionadas à dança, para que façam pintura escutando a música.

 

“O ideal desse projeto, sem dúvida, é que fosse realizado presencialmente. Mas com a pandemia tudo parou e tive que adaptá-lo para o formato a distância. De qualquer maneira, qualquer tipo de exercício físico para os idosos é bem-vindo. Movimentar a cabeça, as pernas, os braços, tudo é válido e muito importante também do ponto de vista da saúde mental”, explica Simone.

 

Com a ajuda de Paulo, a estudante fez uma enquete com os potenciais participantes da oficina, a fim de saber que tipos de música gostariam de ter nas aulas. E teve de tudo um pouco nas respostas: música brasileira, forró, vanerão e até polca paraguaia. Atualmente, 36 idosos, com idades entre 62 e 103 anos vivem no Lar.

 

“Eu faço alguns vídeos sentada, mostrando os movimentos da forma como eles também podem fazer. Às vezes apresento algum convidado, alguém tocando violão, por exemplo, e assim vamos tentando levar algum tipo de entretenimento a eles”, diz a oficineira que já foi passista e rainha de bateria de escola de samba e tem longa experiência com a dança.

Oficinas Culturais
Simone, que já foi passista e madrinha de bateria de escola de samba, hoje cursa Psicologia na UFGD e ministra oficinas de dança voltadas à terceira idade