Edital fomenta acervo digital sobre povos indígenas

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ZeroUmInforma/ArteECultura – Com recursos de aproximadamente R$ 1,4 milhão, o edital Povos Originários do Brasil está aberto até o próximo dia 10 de fevereiro para receber projetos de pesquisa focados em coletar, recuperar, conservar e disponibilizar para acesso público, via internet, acervos de interesse científico e cultural de bens do patrimônio indígena brasileiro.

Este edital faz parte de uma política do Ministério da Cultura (MinC), lançada em 2013, de apoio ao desenvolvimento de acervos digitais da cultura brasileira, resultado de parceria entre a Secretaria de Políticas Culturais (SPC) do MinC e as universidades federais de Pernambuco (UFPE) e de Goiás (UFG). O primeiro edital lançado teve como tema Preservação e Acesso aos Bens do Patrimônio Afro-Brasileiro.

 Entre os 24 selecionados neste primeiro edital está o projeto O direito às memórias negras: Preservando o patrimônio Afro-brasileiro nas coleções do Jornal O Exemplo (1892-1930), da historiadora Maria Angelica Zubaran. Como resultado, foram digitalizados 368 exemplares do periódico da imprensa negra que circulou entre os anos de 1892 e 1930 na cidade de Porto Alegre (RS).
A historiadora destaca que o fomento a acervos digitais dessa natureza democratizam o acesso ao conhecimento de temas muitas vezes negligenciados, ampliam o material de trabalho de pesquisadores e escritores de livros didáticos e permitem uma nova leitura da história.
“Esse trabalho valoriza essas memórias negras e possibilita à comunidade afrobrasileira uma outra dimensão da sua construção e formação histórica. Contribui para a autoestima dessas populações, que durante muito tempo foram representados de forma negativa, principalmente na mídia. E isso teve um impacto muito destruidor, muito negativo para a formação das identidades de matriz africana”, completa Maria Angelica.
Outra contribuição nesse sentido foi dada pelo projeto Memória e História de uma trajetória diaspórica: M. G. Baquaqua – escravidão e abolicionismo no Brasil e América do Norte, também apoiado pelo MinC, dirigido pelo historiador Bruno Verás. Também conhecido como projeto Baquaqua, o trabalho foi responsável pela tradução da única autobiografia, até então conhecida, escrita por um ex-escravo que viveu no Brasil.
Mahommah Gardo Baquaqua nasceu em 1820, em Dijougou, onde hoje é o norte do Benim, e foi enviado ao Brasil em um navio negreiro, chegando em uma praia no norte de Pernambuco em 1845, época em que o comércio transatlântico de escravos já era proibido no País. Vendido para um capitão de navio, viajou ao longo da costa brasileira parando no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul. Durante uma viagem a Nova York, em 1847, ele foi capaz de escapar da escravidão, morando posteriormente dois anos no Haiti.
Fonte: Ministério da Cultura