Teatros fechados e resistência de artistas trazem reflexões em lives de projeto cultural

Em um misto de reflexões e ensinamentos, projeto Teatro Brasileiro Fora do Eixo segue sua segunda temporada já em clima de despedida. “Um dos aspectos mais interessantes dos artistas brasileiros é que, apesar de toda a dificuldade, o teatro existe, resiste. Esta semana conheceremos a história do grupo Arte Boa Nova, na pessoa do diretor Nelson Peixoto e, também, um pouco mais do teatro de rua feito pelo grupo Imaginário Maracangalha, através da atriz Fran Corona, dois grupos de muita resistência”, afirma o diretor teatral e idealizador do projeto, Fernando Lopes.

 

Já em fase final da segunda temporada do projeto, estão programadas mais três lives. Duas delas serão promovidas esta semana. A primeira com o diretor Nelson Peixoto, hoje (23), e a atriz Fran Corona, na quinta-feira (25). Todo o bate papo será conduzido pelo próprio idealizador do trabalho, Fernando Lopes, que é, também, diretor da Cia Teatro do Mundo.

 

As entrevistas, transmitidas sempre a partir das 19h, na página do Instagram @teatrodomundo, têm mostrado diferentes vertentes do teatro campo-grandense. Além dos aspectos positivos e negativos do cenário atual de produção frente à pandemia.

 

Na primeira entrevista da semana, com Nelson Peixoto, um dos pontos que deverá ser abordado, inclusive, é a questão do teatro que dialoga com a religião. Enquanto, pelo prisma da atriz Fran Corona será abordado, por exemplo, as dificuldades e facilidades do teatro de rua.

 

E assim de live em live, o diretor Fernando Lopes tem descoberto as riquezas e proposto a reflexão sobre as dificuldades impostas ao teatro de Campo Grande. “Um dos grandes desafios é que faltam políticas públicas [permanentes] de incentivo à cultura. O governo do Estado, por exemplo, fechou o teatro Aracy Balabanian há mais de cinco anos, assim como a prefeitura mantém o Teatro do Paço fechado há mais de trinta anos,  Campo Grande se tornou uma capital sem teatro público, os espaços que existem são os pequenos teatros mantidos, com muito esforço, pelas companhias teatrais. É preciso um diálogo maior com a classe artística e uma atenção em relação ao funcionamento dos espaços públicos”, pontua.

 

Contudo, o diretor não perde o otimismo e alega que há caminhos possíveis para que o teatro sempre aconteça; “os artistas regionais são apaixonados e sabem que apesar de toda a adversidade que enfrentam, a cidade precisa de teatro, mesmo que as pessoas, ainda, tenham dificuldades para entender a importância das artes”, afirma Fernando.  “As lives me deram um espaço de escuta interessante e apesar dos desafios, sou positivo em relação ao teatro, porque é uma arte milenar que atravessou crises históricas ao logo de muitos séculos. Por isso, vejo a importância de lutar por políticas públicas que nos deem melhores condições de fazermos o nosso trabalho”.

 

Nesse sentido a Lei Aldir Blanc (LAB) é um exemplo claro da importância, uma vez que a lei emergencial foi uma conquista dos artistas do Brasil e, ainda,  um fomento necessário neste momento de crise.

 

“Tivemos esse aporte via Sectur, que foi uma ação essencial neste momento de grande dificuldade. A lei Aldir Blanc foi aprovada graças ao trabalho de duas mulheres, as deputadas Jandira Fegalli e Benedita da Silva. Recursos que têm ajudado os artistas do Brasil e promovido a cultura em tempos de crise sanitária ”, lembra.

 

O projeto Teatro Brasileiro Fora do Eixo foi contemplado com recursos da Aldir Blanc através de edital do FMIC (Fundo Municipal de Investimento Cultural), da Sectur – Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Campo Grande.

 

Cia Teatro do Mundo

 

A Cia Teatro do Mundo é um coletivo de artistas, que surge em meio ao caótico ano de 2020 e tem como principal objetivo usar o teatro como ferramenta de pesquisa e trabalho, com o intuito de colaborar por um mundo melhor.

 

O Cia Teatro do Mundo é formada por Fernando Lopes, Begét de Lucena, Helena Soares, Douglas Moreira e Leonardo de Castro e, com apenas um ano de formada, já fez várias apresentações de espetáculos para criança no formato de drive-in, no estacionamento de um shopping da Capital. Também circulou pelo interior do Estado.